domingo, 12 de outubro de 2008

O Futuro do Hospital de Santa Marta



O novo Hospital de Todos-os-Santos, que ficará no parque da Bela Vista e substituirá os hospitais S. José, Santa Marta, Capuchos, Desterro e Estefânia, em Lisboa, terá 789 camas, todas em quartos individuais. A construção e instalação do novo Hospital de Todos os Santos, em Lisboa, custará 377 milhões de euros e será feita em parceria público-privada, mas a gestão clínica ficará inteiramente sob responsabilidade do Estado.


O novo Hospital de Todos-os-Santos – que substituirá os hospitais que compõem o actual Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (CHLO) – já tem garantido um terreno de 95 mil metros quadrados na zona da Bela Vista, ao lado de Chelas. É também para a mesma zona que deverá mudar-se o Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa, que o Ministério da Saúde já decidiu que vai tirar da Praça de Espanha. A compra destes 95 mil metros quadrados é a última fase do processo que antecede a abertura do concurso público para a construção do novo Hospital de Todos-os-Santos, que deverá ocorrer no início de 2009. Apesar de este ser um projecto antigo – desde 1994 que está previsto no PDM de Lisboa –, a decisão de encerrar os velhos hospitais de Lisboa começa a ser contestada. Na Estefânia, corre uma petição defendendo o hospital pediátrico, por ser uma referência da cidade. E o director do Serviço de Urgência do CHLO disse não acreditar que o S. José encerre, com a abertura do novo hospital.

Todos-os-Santos vai ter 789 camas – para substituir as mais de mil do CHLO, que têm uma ocupação de 70% – e será organizado segundo um modelo inovador. Os tradicionais serviços hospitalares vão deixar de existir, estando o hospital dividido por áreas. A área de cirurgia, por exemplo, inclui a ortopedia, a cirurgia plástica, a neurologia e cirurgia cardíaca, etc. As camas vão ser todas em quartos individuais – que deverão estar preparados para duplicarem esta capacidade, se for preciso.


O novo hospital terá uma forte vertente universitária, com um centro de ensino e um centro de investigação, um auditório e salas de alunos. Outras das características inovadoras do Todos-os-Santos é a componente de apoio à família, já que terá uma creche para os filhos dos trabalhadores. O sector privado ficará responsável pela construção e área dos serviços gerais e equipamentos do hospital, com excepção da alta tecnologia da área médica. "Com esta parceria esperamos alcançar diversos benefícios para o Estado e para os cidadãos: uma partilha adequada de riscos com o sector privado, um controlo efectivo dos custos com a obra, eficiência na gestão da manutenção da infra-estrutura ao longo de 30 anos de concessão e o controlo dos custos dos serviços complementares de apoio (alimentação, gestão de resíduos, lavandaria, etc.) ao longo de 10 anos", afirmou a ministra da Saúde na cerimónia de lançamento do concurso público.

A ministra da Saúde, Ana Jorge, mostrou-se convicta de que "há muitos privados interessados em estabelecer parcerias". O investimento inclui a construção, colocação do equipamento geral e custos operacionais de funcionamento, deixando de parte a gestão clínica. Os pagamentos do Estado só começarão a ser feitos a partir do terceiro ano após a assinatura do contrato, quando o edifício do Hospital for disponibilizado. A construção no Parque da Bela Vista do Hospital de Todos-os-Santos irá "viabilizar a estratégia municipal do Plano Verde da cidade de Lisboa" explicou o arquitecto da autarquia, Paulo Pais. Pela ligação da Bela Vista à Alameda Afonso Henriques através do Vale Vistoso forma-se o futuro corredor verde da cidade que chegará até Monsanto. Segundo Paulo Pais, a área de intervenção será de 107 hectares "uma área significativa para um plano de pormenor, o que torna o projecto ambicioso". Moderador da sessão de apresentação pública dos termos de referência do Parque Hospitalar Oriental, Manuel Salgado, vereador do Urbanismo na autarquia, sublinhou que os termos de referência que vão ser aprovados irão "ordenar a zona central do antigo plano de Chelas e incluem uma área verde no Vale Vistoso (Olaias), para "compensar a área que vai ser perdida do Parque da Bela Vista". A terceira travessia sobre o Tejo que ligará Chelas e Barreiro irá obrigar a uma concertação deste plano de pormenor. Porém, Paulo Pais considera-a "uma oportunidade para a área ao reforçar a sua centralidade no espaço urbano de Lisboa". O também arquitecto João Tremoceiro adiantou que "este movimento se deve transformar em oportunidades para os bairros circundantes através de uma maior movimentação económica que contribuirá para o desenvolvimento integrado de Marvila". O vereador do Urbanismo adiantou que o plano de pormenor estará concluído no prazo máximo de um ano, prevendo-se o início da edificação da primeira unidade, o Hospital de Todos-os-Santos, no final de 2009. A obra deverá estar concluída em 2017, garantia dada pelo presidente da Junta de Freguesia de Marvila. Segundo João Vermens, engenheiro do Ministério da Saúde, o Hospital de Todos-os-Santos será uma das principais unidades do Serviço Nacional de Saúde. "Trata-se de um hospital topo de linha com serviços especializados e de qualidade que irão abranger um milhão de habitantes", explicou.

As especialidades diferenciadoras da nova unidade hospitalar serão as unidades de cardiologia pediátrica, cirurgia cardiotorácica, grande trauma, transplantes e por fim uma unidade de queimados. Este será também um hospital universitário para onde será transferida a Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa.

1 comentário:

Unknown disse...

Confesso que estou super ansioso por trabalhar em Todos os Santos...Espero que este megaprojecto se torne numa verdadeira realidade!Sei que será inconveniente para muita gente, mas penso que serão mais as vantagens que as desvantagens em trabalhar num centro como este, à luz de cidades desenvolvidas como Madrid, Barcelona, Londres, Cleveland e São Bartolomeu de Messines jajajja...

Abraço

O Campino