quinta-feira, 23 de julho de 2009

Estudo garante que os hospitais “tecnológicos” terão menos mortes

O nível de tecnologia implementada pelos hospitais para ajudar médicos e técnicos de saúde a automatizar o seu trabalho poderá significar a diferença entre a vida e a morte, sustenta um estudo recente, baseado num inquérito a mais de 167 mil pacientes de 41 hospitais dos Estados Unidos.De acordo com o estudo, segundo o qual os hospitais tecnologicamente melhor equipados também terão menos custos, "o registo automático de notas e fichas, ordens de entrada e decisões clínicas conduz a menos complicações e problemas, a taxas de mortalidade mais baixas e a custos mais reduzidos". O estudo é da autoria de Ruben Amarasingham, director clínico da Parkland Health & Hospital System e professor assistente de medicina do Southwestern Medical Center da Universidade do Texas.Tendo comparado taxas de mortalidade, complicações médicas, tempos de internamento e custos, o estudo conclui que os hospitais com elevados níveis de automatização de processos conseguiram poupar cerca de 1729 dólares por paciente em procedimentos clínicos como a cirurgia de revascularização do miocárdio.O estudo, que resultou de um trabalho conjunto de várias universidades, entre as quais a Parkland Health & Hospital System e o Southwestern Medical Center da Universidade do Texas, bem como a Johns Hopkins University School of Medicine e a Bloomberg School of Public Health, contabilizou o nível de automatização dos procedimentos médicos recorrendo a um método denominado Clinical Information Technology Assessment Tool, que consiste num sistema baseado em inquéritos que mede o nível de automatização e a facilidade de utilização dos sistemas de informação dos hospitais. O estudo tomou como base quatro patologias comuns – ataques cardíacos, insuficiência cardíaca congestiva, cirurgia de revascularização do miocárdio e pneumonia -, avaliando como a tecnologia foi usada para automatizar o processo de tratamento.O sistema de avaliação mediu, então, o nível de automatização em quatro processos normalmente realizados em papel: notas de observação médicas e registos do paciente; resultados laboratoriais; instruções médicas; e suporte às decisões clínicas. Foi também perguntado aos médicos quão eficazes e fáceis de usar são os sistemas.O nível tecnológico dos sistemas foi classificado através de uma escala de 100 pontos, sendo zero a pontuação mais baixa possível. O estudo concluiu que uma subida de 10 pontos na automatização de notas médicas e registos de pacientes corresponde a um decréscimo de 15% no número de mortes. Os hospitais que contam com esse nível de tecnologia registaram, então, uma taxa de mortalidade de 1.4%, contra os 1.9% registados pelos hospitais com níveis mais reduzidos de automatização. "Estes números sugerem-nos que, para cada mil pacientes, cinco ou menos morrem nos hospitais com as pontuações mais elevadas”, sustenta o documento.O estudo recolheu informações junto de 167 mil pacientes com mais de 50 anos de idade.Outro ponto em análise, a automatização das instruções médicas, foi associado a uma queda de 9% no risco de ataque cardíaco e de 55% na necessidade de cirurgia cardíaca. Mas, enquanto a automatização dos sistemas informáticos desenhados para ajudar médicos e enfermeiros a tomar decisões pareceu conduzir a uma diminuição de 16% nas complicações médicas, já a automatização dos resultados laboratoriais não terá feito grande diferença.Recentemente, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou que espera investir até 50 mil milhões de dólares nos próximos cinco anos na criação de um sistema nacional de saúde mais automatizado. Este sistema, uma vez em funcionamento, incluirá as tecnologias consideradas neste estudo. Actualmente, entre um quarto e um terço dos 5 mil hospitais norte-americanos usa - ou está em vias de usar – registos médicos computorizados, de acordo com David Brailer, que ocupou o cargo de conselheiro de George W. Bush para as questões da saúde, entre 2004 e 2006. Os sistemas de registos electrónicos (EHR) englobam sistemas de atendimento por ordem de chegada e redes para partilha de dados sobre doentes entre hospitais, médicos e companhias de seguros, bem como ainda sistemas para preenchimento de receitas farmacêuticas.Conduzido entre 1 de Dezembro de 2005 e 30 de Maio de 2006, o estudo baseou-se em inquéritos enviados a cinco médicos seleccionados aleatoriamente de cada um de 72 hospitais gerais, localizados em 10 áreas geograficamente dispersas do Texas, incluindo Abilene, Austin, Dallas, El Paso, Houston, Laredo, Lubbock, McAllen, San Angelo e San Antonio. Foram obtidas respostas de 41 dos 72 hospitais.

Sem comentários: